As características biológicas devem ser levadas em conta na hora da prescrição de exercícios
Nos esportes somos separados em categorias e níveis variados. E quando falamos de mulheres e homens, não são apenas diferenças culturais que interferem nessas divisões. A biologia feminina é bastante distinta da masculina em vários aspectos relacionados à aptidão física e performance, o que torna impraticável a competição igualitária entre atletas dos dois gêneros.
Não há qualquer impedimento genético à prática de esportes que, em outros tempos, foram exclusivamente masculinos. Hoje a mulher corre maratonas (para se ter ideia, a primeira maratona olímpica feminina aconteceu em 1984, ou seja, há apenas 38 anos), joga futebol, faz artes marciais, pratica o exercício que ela quiser.
Mas há limites reais e características específicas que a encaminham para um desempenho diferenciado.
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Em algumas modalidades, essas diferenças não permitem que a mulher, por mais treinada que esteja, alcance o resultado do homem esportista de alto nível na mesma atividade. Em outras, ela é beneficiada por seu biótipo.
Por tudo isso, é importante que profissionais de educação física conheçam bem a anatomia feminina para que possam tirar melhor proveito em relação à prescrição esportiva.
Aponto aqui 11 importantes características biológicas femininas:
- Mulheres são mais baixas. Isso porque a maturação óssea feminina é mais rápida e termina antes, bloqueando o crescimento em uma idade mais precoce que no homem.
- Mulheres são mais leves. A estrutura dos ossos tubulares é menos densa, resultando em um esqueleto 25% mais leve. E também mais propenso a fraturas.
- Mulheres têm o tronco mais longo e os membros mais curtos, o que situa seu centro de gravidade em um ponto mais baixo que no homem. A largura e o formato dos quadris também contribuem. Desta forma, elas têm mais equilíbrio quando paradas; e eles, quando em movimento.
- Mulheres têm ombros mais estreitos. A diferença entre a largura dos ombros e dos quadris podem ser de apenas 3cm, enquanto no homem chega a 15cm, o que implica uma diferença no posicionamento de braços e pernas em relação ao tronco e, consequentemente, nos movimentos.
- Mulheres têm 10% a mais de tecido adiposo, o que leva menor perda de calor.
- Mulheres têm massa muscular menor e por isso são menos fortes. Dependendo do grupo muscular, alcançam uma capacidade de força entre 54% e 80% da masculina. Um dos fatores que confere maior força aos homens é a quantidade de testosterona – o hormônio também está presente nas mulheres, mas em menores concentrações; em média, em homens adultos, são cerca de 7-8 vezes maiores do que em mulheres. Com menor massa muscular, o metabolismo basal também é menor e há menor quantidade de energia vinda da alimentação. Ou seja, a mulher tem menos apetite.
- Mulheres têm menor densidade corporal, afinal, têm ossos mais leves menos músculos e mais gordura. Isso facilita a flutuação em meio líquido, o que lhes dá vantagem na natação.
- Mulheres têm o coração menor, o pulmão menor, menores vias respiratórias, menos hemoglobina e menor vascularização dos músculos esqueléticos. Em comparação aos homens, ficam em desvantagem no aproveitamento e no esgotamento do oxigênio (menor VO2 máx).
- Mulheres têm mitocôndrias menos numerosas e menores. Logo, seu metabolismo aeróbio também é menor.
- Mulheres têm os tecidos menos densos e ligamentos e músculos mais elásticos. Isso aumenta sua capacidade de ser flexível.
- Mulheres têm menos glândulas sudoríparas e transpiram menos, mas toleram menos o calor. Eles começam a suar primeiro, mas elas apresentam fadiga antes em ambientes menos quentes.
O exercício físico tem eficácia comprovada em diversos aspectos da saúde feminina – desde melhora estética até prevenção de cânceres ginecológicos e depressão. Mas até por questões culturais e comportamentais, elas ainda estão em maior número no grupo dos sedentários.
É preciso puxarmos as mulheres para a prática esportiva, conscientes de suas diferenças biológicas, para que tenham boas experiências e adotem um estilo de vida saudável para sempre.
(texto adaptado do livro “Mexa-se. Atividade Física, Saúde e Bem-estar”, de Fabio Saba, Phorte Editora)