O histórico de prática de atividade física do indivíduo é um dos principais pontos a ser considerada no processo. Mas existem vários outros
Por que uma pessoa busca um programa de exercício físico, permanece nele ou deixa de praticar? Os fatores determinantes que propiciam a aderência estão reunidos em três grupos: fatores pessoais, fatores ambientais e características do exercício físico. Nesse texto, vamos falar dos pessoais – que englobam o estágio do ciclo de vida, a ocupação, o autoconceito, entre outras coisas.
Histórico pessoal
O histórico pessoal de prática esportiva tem grande peso, tanto positivo como negativo. Experiências malsucedidas, na infância ou na adolescência, por exemplo, tendem a produzir sentimentos de incapacidade em relação à prática atual. A boa notícia é que fatos presentes prazerosos podem alterar a posição anterior, levando à aderência.
Ocupação
É outro fator que parece determinar o grau de atividade física do indivíduo. Colaboradores que têm alta exigência de esforço físico no dia a dia tendem a aderir menos a programas de exercícios.
Fumo
Vários autores indicam que há uma associação negativa entre esse hábito nada saudável e a participação em programas físicos.
Obesidade
Vem se mostrando um determinante por meio de dados consistentes que apontam haver uma associação negativa entre obesidade e a prática de atividade física. Mulheres e homens obesos ou com sobrepeso tendem a apresentar menor participação em programas de exercício. Pesquisas mostram que 60% a 70% dos obesos desistem da prática de atividade entre 6 e 12 meses de participação.
Por outro lado, se a atividade oferecida para essa população for de intensidade moderada, a aderência pode ser aumentada e a manutenção desse comportamento melhorada. Detalhe: obesos tendem a aderir a programas não supervisionados, seguindo rotinas alternativas e não respondendo adequadamente às intervenções públicas.
Doenças coronarianas
O risco dessas doenças não tem se apresentado como fator determinante para a prática de atividade física – mas os dados da literatura são controversos. Há quem aponte que a condição está altamente relacionada à atividade física em programas supervisionados. E há quem diga que quanto menor o risco de doenças coronarianas, maior a adesão, e que o conhecimento da incapacidade coronariana ou fatores de risco não seria capaz de levar ao exercício.
Conhecimento dos benefícios e escolarização
Agora, se há um senso comum, é de que o conhecimento dos benefícios da prática de atividade física aumenta os índices de aderência. Então, cabe a nós, profissionais de Educação Física, levar informações acerca dos exercícios físicos ao maior número possível de pessoas.
O nível de escolarização também aparece como determinante significativo. Pesquisas apontam que grupos com maior escolarização formal tendem a ser 1,5 a 3,1 vezes mais ativos do que aqueles com menos escolarização.
Também conta
Grau de apreciação com a atividade: quando praticada com prazer, tende a produzir melhoria na qualidade de vida física e psicológica. Já às que geram qualquer tipo de estresse têm seus benefícios psicológicos reduzidos.
Um ponto importante a ser observado é a relação direta entre a apreciação e o aumento da motivação intrínseca, estando esta vinculada a sentimentos como percepção de liberdade, autodeterminação, domínio ou competência. Tais sentimentos, conjugados com a apreciação, vêm sendo relatados como potencializadores da aderência.
Alguns autores, no entanto, argumentam que a apreciação está fortemente vinculada à competência motora e que ela não pode ser desejada, planejada e implementada. Então, para que ocorra a apreciação, a atividade deve ser significativa para o indivíduo.
Automotivação: a pessoa que é estimulada mais por suas próprias ideias do que pelas dos outros aparece como fator determinante para aderência à prática de atividade física. Incentivar esse comportamento é interessante.
Autoeficácia: é a convicção que alguém tem de poder executar com sucesso um comportamento requerido para produzir determinado resultado. Para muitos estudiosos, a atividade física aumenta a autoeficácia. E isso faz com que seja observada uma via de mão dupla – a autoeficácia aumenta a aderência ao exercício físico e, igualmente, a atividade física aumenta a autoeficácia.
Como se vê, existem muitos fatores que precisam ser observados diante de um indivíduo que busca ou foge da prática do exercício físico. E cabe a você estar atento para ajudá-lo e incentivá-lo a permanecer.
Que tal salvar esse texto em seus favoritos para consultar sempre que se falar em aderência?
(texto adaptado do livro “Aderência”, de Fabio Saba, Editora Manole)
Fotos: AdobeStock